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Crédito: Reprodução Instagram @andersonmarquesphotography

Pai denuncia discriminação na igreja: menina autista foi expulsa após crise de ansiedade

“Espero que nenhum outro pai sinta o que eu senti dentro de uma igreja”

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O que era para ser um tempo de paz, se tornou um momento de constrangimento e humilhação para uma família de Brasília: uma menina autista de 4 anos foi expulsa da igreja ao apresentar crise de ansiedade. Em um desabafo emocionante nas redes sociais, Anderson Marques, o pai da criança, relatou o ocorrido: “Eu espero que nenhuma outra família, nenhuma outra criança, nem outro pai, sinta o que eu senti dentro de uma igreja”, disse ele.

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Assista ao vídeo:

O fotógrafo conta que a família buscava uma palavra de consolo, uma luz no fim do túnel, ao procurar a igreja. Fazia 10 dias que Luísa passava por privação de sono e não se alimentava direito – o cansaço extremo motivou os pais a procurarem o apoio na espiritualidade: “Vi que naquele dia ia ter o culto da família e pensei que não tinha lugar melhor, dia melhor ou culto melhor pra gente estar que não fosse esse. Em busca justamente de encontrar a palavra de Deus, a gente foi pra lá”.

Entretanto, não encontraram naquele lugar o apoio e a compreensão que eram esperados. Quando a criança começou a chorar e a se debater no chão, um membro da igreja pediu que os pais se retirassem com a menina.

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“A Luísa começou a ter uma nova crise, chorando, se jogando no chão, tentando se bater, e em menos de 5 segundos que eu estava primeiro tentando acalmá-la, que é o mais importante quando uma criança autista tem uma crise, para ela não se machucar, chegou um membro nessa igreja e simplesmente falou pra gente se retirar dali, porque a gente estava atrapalhando”, conta Anderson.

Ele continua: “Eu me levantei com ela nos braços e falei que minha filha estava tendo uma crise e que ela era autista. Ele simplesmente ignorou essa informação e começou a fechar a porta de vidro onde a gente conseguia visualizar o culto e ouvir a palavra de Deus. Em nenhum momento essa pessoa se apresentou. Em nenhum momento ela procurou entender o que estava acontecendo ou se dispôs a ajudar. Em nenhum momento ele mostrou um outro local mais adequado. Simplesmente falou pra gente sair dali, que estava atrapalhando.”

“Tinham centenas de famílias, centenas de crianças, mas a minha filha, que é autista, naquele momento não era bem-vinda naquela igreja. Podia ter dado um murro em mim, na minha cara, que ia doer menos. Façam qualquer coisa comigo, mas não faz com quem eu amo porque tudo que eu tenho de mais precioso é justamente a minha família. Meus filhos só têm a nós. E eu não sei como vai ser o futuro, inclusive. Futuro que, em algum momento, eu e minha esposa não vamos estar mais aqui e eles vão ter que conviver com a sociedade que, talvez, não esteja pronta para recebê-los.”

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O autismo afeta uma em cada 150 crianças em todo o mundo, mas sua incidência tem aumentado nos últimos anos, chegando a 30% a mais de crianças diagnosticadas como autistas a cada ano desde 2012.

As pessoas autistas, geralmente, apresentam habilidades acima da média em áreas específicas, como leitura, linguagem, música ou visão espacial. No entanto, devido às deficiências que podem apresentar na interação social e em outros campos, são muitas vezes considerados ‘inadequados’ para o emprego regular e, portanto, reduzidos a uma maior exclusão social.

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