Coreanos
Crédito: Freepik

Coreanos contam a idade diferente: são até 2 anos mais velhos

Bebês com um mês de vida, na Coreia do Sul, podem ser considerados com até 2 anos de idade, dependendo do mês em que nascem

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Na maior parte do mundo, os bebês completam o primeiro ano de vida após 365 dias do nascimento, e assim sucessivamente. Mas, sabia que na Coreia do Sul, os coreanos contam a idade dos bebês de forma diferente?

Funciona assim: logo que nascem, os bebês coreanos são considerados como se tivessem um ano de idade. E tem mais: na passagem de um ano para outro, o bebê “ganha” mais um ano na contagem.

Ou seja, na Coreia do Sul, se um bebê nasce em dezembro, a partir de janeiro ele já terá dois anos, enquanto no restante do mundo teria apenas um mês. Curioso, né? Mas, isso pode mudar em breve.

Veja também: Visão do bebê: curiosidades sobre nitidez e percepção das cores

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Coreanos podem extinguir a tradição secular

Esse método bem diferente de contar a idade dos bebês coreanos é uma tradição secular no país. Imagine que, atualmente, todos os coreanos têm idade diferente da verdadeira.

No entanto, o presidente recém-eleito do país, Yoon Suk-yeol, está decidido a abolir esse método de contagem.

De acordo com Lee Yong-ho, chefe do comitê de transição, o novo governo buscará padronizar a forma como a idade é contada para alinhar a Coreia do Sul com o resto do mundo.

Ele argumentou, ainda, que os diferentes cálculos de idade resultam em uma “confusão persistente” e em “custos sociais e econômicos desnecessários”.

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Conforme destacou Shin Ji-young, professor do Departamento de Língua e Literatura Coreanas da Korea University, à BBC,

“Para os sul-coreanos, descobrir se alguém é mais velho que eles ou não é mais importante do que descobrir o nome de alguém em um contexto social. É essencial para escolher como se dirigir a essa pessoa e o título honorífico que é exigido.”

Os problemas causados pela idade errada dos coreanos

Como já mencionado acima, os coreanos enfrentam dificuldades no dia a dia por causa dessa contagem de idade diferente do resto do mundo.

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E também têm dificuldade em saber como se dirigir a uma pessoa mais velha, com o devido respeito, sem saber se ela tem idade para isso.

Mas, os prejuízos não param por aí. Atualmente, os coreanos têm três maneiras de se contar a idade – deixando a coisa ainda mais complexa.

  1. Uma das maneiras é a tradicional, como os demais lugares, mas que só entrou em vigor a partir de 1968).
  2. A outra, na qual os bebês nascem com zero anos de idade, mas ganham um ano a cada 1º de janeiro.
  3. E a terceira, que se diferencia da segunda pelo fato de o bebê já ser considerado com um ano assim que nasce – é essa que mencionamos lá no início.

Então, você nunca sabe se uma pessoa que diz ter 30 anos, tem mesmo essa idade, tem 29 ou 31, pois as três são possíveis. E para os coreanos, a idade é algo levado muito a sério.

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Além disso, há mais dois exemplos de problemas causados pela contagem diferente da idade entre os coreanos.

Muitos pais coreanos tentam enganar o sistema de registro de nascimento devido às preocupações sobre se os bebês nascidos em dezembro ficarem em desvantagem na escola.

E claro que, agora na pandemia, a questão da idade afetou as vacinações. Pela falta de padrão, durante a campanha de vacinação contra a Covid-19 houve muitas dúvidas sobre a elegibilidade para receber o imunizante.

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A mudança impulsionada pelos jovens

Kim Eun-ju, professor de Direito e Política da Universidade Hansung, argumenta que “a globalização tornou os coreanos mais conscientes da era internacional. Isso tem um impacto nos jovens, pois eles sentem que os coreanos estão sendo ridicularizados [por esses sistemas de contagem]”.

Em pesquisas com a população local, a nova proposta teve aprovação por boa parte dos entrevistados, principalmente entre os jovens.

Mas especialistas dizem ainda ter dúvidas se a medida será realmente implementada. Segundo Jang Yoo-seung, pesquisador sênior do Centro de Estudos Orientais da Universidade de Dankook,

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“Nossa sociedade não parece muito preocupada em abandonar a tradição. Corremos o risco de abandonar nossa própria singularidade e cultura e nos tornarmos mais monótonos?”

Veja também: Descubra a assustadora tradição chinesa chamada pés-de-lótus

Fonte: O Globo

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