Wagyu
Crédito: Reprodução/Fazenda Júlio de Castilhos

Wagyu: a raça de boi que só tem cortes de primeira

Esse animal leva mais tempo para estar pronto para o abate e exige cuidados especiais para garantir um marmoreio exclusivo

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Todo corte de carne tem seu valor quando preparado do jeito certo. Mas, para os amantes de cortes muito macios e considerados de primeira qualidade, o boi da raça Wagyu é um objeto de desejo. Mas, não basta gostar: é preciso poder pagar o alto valor agregado dessa carne.

Wagyu é uma raça japonesa que, à primeira vista, não tem nada de especial. Mas, o seu valor de mercado supera todas as outras. Para levar um quilo para casa você precisará desembolsar cerca de R$ 700,00.

O valor agregado é tanto que, em 1997, os japoneses declararam essa raça como patrimônio nacional, proibindo a exportação de animais vivos com essa genética.

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O que faz essa carne valer tanto?

Crédito: Reprodução

Quem já provou, diz que o sabor é incomparável, com qualidade única de marmoreio – gordura entremeada na carne que contribui com o sabor, a maciez e a suculência.

E para chegar a esse alto nível, os bois da raça Wagyu recebem tratamento especial, com direto à massagem e adição de cerveja misturada ao feno para que eles fiquem mais tranquilos. Por consequência, com a carne mais macia, livre do estresse.

E mesmo antes de chegarem à vida adulta, os Wagyu recebem tratamento especial, o que adiciona mais valor ao produto final, já que dá trabalho manter o altíssimo nível.

Os investimentos começam na compra de sêmen e embriões. Quando estão sendo gestados, as vacas recebem suplementação alimentar para ativar o potencial genético da musculatura de marmoreio exclusivo.

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Depois que nascem, os bezerros começam a receber um concentrado alimentar e, na hora das mamadas, o ambiente é controlado para evitar o estresse que pode prejudicar a qualidade da carne.

Além de todo esse cuidado, a espera é mais longa até o animal estar pronto para o abate. A diferença é grande: enquanto um boi da raça Nelore pode ser abatido com 18 meses, um Wagyu só atinge o ponto ideal depois dos 30 meses.

Quando chega ao seu último ano de vida (antes do abate), o Wagyu fica confinado recebendo uma dieta especial altamente energética para a composição adequada da entremeada.

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Nem sempre o Wagyu foi valorizado

Nos anos 70 e 80, quando ainda não havia essa proibição de exportação dos animais vivos, muitos foram enviados aos Estados Unidos e, de lá, chegaram ao Brasil.

Mas, na época, dava-se mais valor aos bois de grande porte, com musculatura robusta e crescimento rápido, que não é o caso dos Wagyu.

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Atualmente, no Brasil, existe um rebanho de apenas 5 mil animais, sendo que, com cruzamentos de outras raças, este número sobe para 40 mil. Os primeiros chegaram lá em 1992 e foram para a fazenda da marca Yakult, em Bragança Paulista.

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Produtores trabalham para tornar a carne mais acessível

Por enquanto, o preço da carne do Wagyu está subindo. Mas, os produtores esperam que o cruzamento com a raça Zebu torne a carne mais acessível nos próximos anos. E a qualidade vai continuar a mesma, considerada apenas como carne de primeira.

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O acém do Wagyu, por exemplo, ainda custa R$ 150 a R$ 200 o quilo. Os cortes mais baratos são coxão mole e costela, em torno de R$ 50 a R$ 60 o quilo, mas também são os menos procurados por causa da quantidade de gordura.

Já o contrafilé com grau 10 de marmoreio (em uma escala de 1 a 12), é produzido em Americana (SP) e vendido pelo açougue Bull Prime, de Curitiba, pela bagatela de R$ 690.

A carne de qualidade máxima, que é o kobe beef, não é produzida no Brasil pelos limites de genética e porque ainda não condiz com o paladar americano, tanto quanto é apreciada pelos japoneses, devido ao alto grau de gordura de marmoreio.

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