Psicologia reversa
Crédito: Freepik

Psicologia reversa funciona, mas deve ser usada com responsabilidade

Você já deve ter usado com alguém, mesmo sem saber que estava fazendo isso

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A psicologia reversa é bem interessante e pode ser útil, quando aplicada com responsabilidade. Trata-se de uma técnica utilizada para conseguir com que alguém faça voluntariamente o contrário do que pretendia, sem impor uma ordem diretamente.

O que é a psicologia reversa?

A psicologia reversa pode ser explicada pela teoria de reatância psicológica, que diz que uma pessoa que tem sua liberdade de expressão, pensamento ou ação ameaçada ou reprimida sente uma motivação natural a reagir para recuperar tal liberdade (ou senso de liberdade).

Um exemplo simples e prático é quando alguém lhe diz “aposto que você não consegue fazer este cálculo” e, na mesma hora, você se sente desafiado a fazer o cálculo para provar que é capaz.

Outro exemplo positivo é quando existe a intenção de fazer alguém refletir antes de tomar uma decisão, visando o benefício dela. Ao dizer “Será que esse é o melhor momento para você?”, pode parecer uma simples opinião, mas faz com que a pessoa queira provar, demonstrar ou não perder a oportunidade.

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Vemos a psicologia reversa em todo tipo de relação, inclusive nas campanhas publicitárias de marcas que usam estratégias do tipo “Este produto está se esgotando, temos apenas duas peças”.

Não é a forma mais positiva de usar o método, mas gera sensação de escassez e faz com que a pessoa deseje adquirir o produto, evitando que venha a pensar se realmente necessita dele.

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Técnica exige responsabilidade ao ser aplicada

Em entrevista para UOL Viva Bem, o psicólogo clínico Flavio Oliveira, CEO da Buscoterapia, ressaltou a importância de utilizar a técnica da psicologia reversa com responsabilidade, apenas como forma de encorajamento e desenvolvimento individual:

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“É fundamental que o uso dessas técnicas respeite as vontades, os limites e a subjetividade de cada um, caso contrário, e se mal aplicada, pode-se perder a confiança na relação, além de uma queda na autoestima da pessoa”, revelou o psicólogo.

Ainda conforme explicou Flavio, ao usar a psicologia reversa é preciso ter certeza de não estar induzindo uma pessoa a tomar decisões que podem não beneficiá-la.

“Podemos incentivar um amigo que está passando por um momento de descrença, mas que tem a capacidade de fazer determinada coisa, dizendo que ele não tem condições de fazer algo tão bem, assim ele poderá se motivar apenas para nos provar o quanto é capaz. Por ser considerada uma espécie de truque psicológico, ela deve ser usada para fins positivos, para buscar autonomia e desenvolvimento da pessoa e nunca trabalhada para influenciar decisões negativas”, diz.

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É certo usar psicologia reversa com crianças?

Mesmo sem serem psicólogos, os pais e os irmãos mais velhos sabem como é fácil usar a psicologia reversa com crianças e adolescentes, mas não é recomendado.

Claro, aqui vale o mesmo discernimento: se for para estimular e encorajar a algo positivo, que a criança realmente quer fazer, mas está com medo, por exemplo, é válido.

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No entanto, deve ser evitado em manipulações de crianças, adolescentes ou idosos e na tentativa de se obter proveito e benefícios pessoais ou induzir a pessoa a atos que coloquem em risco a segurança física e psíquica.

Outro ponto importante é que o uso contínuo dessa técnica pode ser percebido em algum momento. No caso de crianças, a psicologia reversa pode, inclusive, prejudicar o desenvolvimento da confiança entre pais e filhos.

“Ela pode ser usada pelos pais para, secretamente, conseguirem que os filhos façam o que eles desejam. É importante dizer que o uso contínuo dessas técnicas em algum momento pode ser percebido pela criança, que pode passar a enxergar os pais como manipuladores e desonestos, prejudicando o desenvolvimento da confiança entre eles e de sua autoestima”, ressalta Flavio Oliveira.

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Agora, se quiser aplicar de forma saudável com as crianças e adolescentes, um exemplo dado pelo psicólogo é que incentive à autonomia, fazendo com que a criança ou adolescente tenha consciência de que está agindo pelo próprio desejo.

“A abordagem sugerida é ‘a decisão é sua’. Assim, a criança ou adolescente se sente no controle e se abre para aquilo que você está sugerindo”.

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Nem sempre é necessário

Além de ponderar o uso da psicologia reversa para que seja algo positivo e construtivo, é igualmente necessário saber quando usar, e quando não precisa ou não adianta. Até porque pessoas com determinadas personalidades não serão afetadas pela sua tentativa de aplicar uma técnica psicológica nelas.

Para Oliveira, é exatamente isso que determinará a necessidade da utilização da psicologia reversa. “Pessoas com boa autoestima, que se conhecem e que se sentem seguras dificilmente aceitam espontaneamente essa manipulação. Mas pessoas inseguras podem ser incentivadas através do reforço de sua autonomia, e pessoas reativas, resistentes e autoritárias, que não gostam de ser contrariadas, irritadas e com excesso de confiança, tendem a aceitar desafios apenas para confrontar e podem assim ser manipuladas por esse recurso”.

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