Querer ajudar os outros com conselhos de positividade nem sempre é bom. Existe uma linha tênue entre a verdadeira ajuda e a positividade tóxica, que tanto vemos na internet atualmente. Será que você pratica sem perceber, ou achando que está fazendo a coisa certa? É hora de pensar a respeito.
O que é positividade tóxica?
Temos que prestar atenção se, na hora de ouvir alguém que precisa desabafar, sabemos respeitar os sentimentos da pessoa ou acabamos invalidando o que ela está sentindo.
Essa invalidação é quando a pessoa lhe conta um problema e você responde com algo do tipo “isso não é nada, vai passar”. A sua intenção é boa, mas o efeito não é. Ao dizer isso, você está tirando a importância do sofrimento.
Acontece que, muitas vezes, sofrer faz parte do processo de cura e da busca pelas respostas certas. Não dá para fingir que nada de ruim está acontecendo. Além do mais, invalidar o sofrimento faz a pessoa sentir culpa por estar mal.
Por outro lado, não precisa incentivar mais sofrimento, fazendo com que seja maior do que realmente é. Encontrar esse equilíbrio é a grande dificuldade da maioria. Por isso, muitas vezes, a positividade tóxica acontece sem intenção.
A positividade tóxica virou mania na internet
É mais fácil praticar a positividade tóxica por meio de publicações nas redes sociais. Afinal, uma foto sorrindo, um vídeo divertido ou carinhas felizes não precisam representar seu real sentimento.
Gratidão e “gratitude” viraram palavras comuns nas redes, e isso não é exatamente um problema. Mas se torna quando é feito de forma rasa, com frases prontas, sem contexto e sem sentido. Quando mostra ter sido usada só para preencher espaço e fingir que ofereceu algum apoio a uma pessoa ou situação.
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Como ajudar sem ser tóxico?
Tudo bem, já entendemos que o ser humano precisa sentir dor, raiva, frustração e indignação. Não devemos invalidar esses sentimentos porque eles são importantes para a evolução individual.
Quando as dores de alguém são reprimidas pela positividade tóxica, elas não desaparecem, apenas se acumulam em silêncio. Mas, aos poucos, vão reaparecendo na forma de estresse, ansiedade e depressão, seus sintomas e consequências.
Mas então, como demonstrar que temos empatia sem usar a positividade tóxica?
A questão é saber separar as coisas: primeiro vem o problema, depois a solução. Ouvir o problema, senti-lo e entendê-lo é necessário. Nessa etapa não precisa de positividade, basta enfrentar a situação nua e crua.
Os conselhos positivos vêm depois, na hora de pensar em como resolver o problema: “ok, esta é a situação, já entendi. Agora, o que posso fazer para resolver ou me sentir melhor?” Agir dessa forma é desenvolver a resiliência – que é a capacidade de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas.
Cada pessoa tem seu tempo para a cura dos próprios males. Quem está em volta pode, simplesmente, oferecer apoio. Dizer “estou aqui se você precisar” é melhor do que dizer “pense pelo lado positivo” ou “não precisa se sentir assim”.
Ser positivo tem seu valor
Tudo isso não significa que devamos abandonar o hábito de sermos positivos. E isso, não necessariamente, tem a ver com a lei da atração do universo – aquela que defende que você atrai o que emana.
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Basta refletir sobre como você pensa e age quando está sentindo raiva, e como se comporta quando está se sentindo bem. Qual sensação traz melhor resultado para os seus desafios diários?
A positividade não é sempre tóxica. Ser otimista é uma forma de encarar desafios com mais facilidade, quando você já passou pela fase do sofrimento e está buscando as soluções.
A positividade também é boa quando a possibilidade de algo dar certo ou errado está nas suas mãos. Essa é a lógica das torcidas, por exemplo. Para os atletas, a torcida positiva de um grupo de pessoas gritando a favor incentiva ao acerto, enquanto as vaias criam uma atmosfera negativa que aumenta o risco de erro. É psicológico, mas funciona.
A questão é que ninguém é feliz o tempo todo. De acordo com o psicanalista Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), para a CNN Brasil, “felicidade tem a ver com viver intensamente o presente, para o bem e para o mal, com seus dias de pesar e gravidade, como os que estamos passando agora. Tem menos a ver com expectativas e mais com a realidade”.
Então, procure viver um dia de cada vez, não reprima seus sentimentos negativos e lembre-se que, quando estiver se sentindo no fundo do poço, a única coisa que resta fazer é começar a subir – mas no seu tempo, com as ferramentas que tiver em mãos.
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