O acumulador compulsivo sofre tanto quanto seus familiares e vizinhos e possui uma doença que deve ser tratada. Um misto de ansiedade e outras comorbidades pode estar levando a esse comportamento, sendo necessário um tratamento amplo.
Você já assistiu a algum programa falando sobre uma pessoa que guardava todo o tipo de tralha e lixo dentro de casa a ponto de ficar insuportável viver no local? Além disso, também gatos e cachorros podem ser a fonte de atenção dessas pessoas. Pois saiba que não se trata de uma característica ou “esquisitice”. O acumulador compulsivo sofre muito e deve ser tratado como um paciente complexo.
O que é
Conhecido como transtorno de acumulação, esse é um comportamento característico de pessoas com diversas patologias. Está relacionado com o medo da perda, da solidão, alta sensação de ansiedade e até depressão. Infelizmente, pode levar um tempo até ser diagnosticada, pois vai piorando gradualmente.
Sintomas
Como já foi dito, eles começam de forma mais sutil, sendo melhor percebidos principalmente pelo paciente, o que não é fácil. Porém, pode ser que alguns sinais sejam notados mais facilmente, enquanto outros levem mais tempo para aparecer. Veja quais são os principais:
- Não descarte de objetos: o paciente tende a se sentir muito ansioso ao se desfazer de objetos e até mesmo, papéis e coisas sem utilidade ou apego emocional;
- Acúmulo: ele tende a sentir vergonha do acúmulo, além da sensação de sufoco, por não conseguir se livrar das coisas;
- Relacionamentos fracos: os relacionamentos ficam cada vez mais complicados, em que a família reclama do acúmulo e o paciente sempre tem a sensação de que jogaram alguma coisa fora;
- Aumento do espaço: é muito comum que um quarto, ou mais do que isso, acabe virando depósito. Com o tempo, a bagunça vai se espalhando e a casa passa a ter cada vez menos espaço;
- Falta de controle: chega a um ponto em que o paciente desiste de tentar deixar tudo em ordem e perde o controle sobre a bagunça;
Causas
A causa do problema pode estar na forma com que o cérebro funciona. Além de toda ansiedade e incapacidade de decisão, há diferenças na utilização dos campos do órgão. Um acumulador compulsivo tende a ter erros no processo executado pelo córtex cingulado anterior, parte do cérebro responsável por tomar decisões e correr riscos.
Foi percebido que os pacientes não acumulam coisas porque gostam ou precisam, mas sim porque não conseguem saber o que fazer com eles. O medo do risco de se desfazer e precisar depois é maior que o discernimento com relação a sua saúde e relacionamentos.
Diferença entre colecionador e acumulador
Por mais que ambos guardem uma quantidade significativa de objetos, há diferenças expressivas entre eles. O acumulador o faz por incapacidade de decisão. Já o colecionador o faz porque admira determinado item, como um hobbie, uma escolha consciente e pensada.
Outro diferencial importante é que o acumulador tende a se isolar, tentando se afastar das pessoas o máximo possível. Já o colecionador caminha na direção oposta, buscando outros que compartilhem do mesmo interesse para poder fazer trocas interessantes.
Tem tratamento?
O tratamento é complexo e demanda tempo e paciência, mas é absolutamente possível. Ele deve ser feito com o apoio de um psicólogo e um psiquiatra, abordando partes diferentes do mesmo. Em muitos casos, é necessária a administração de psicofármacos, com a intenção de dar os primeiros passos em direção à cura.
Além disso, a intervenção psicológica irá buscar encontrar a causa psicológica da compulsão, dando ferramentas para que ele aprenda a lidar com a indecisão, ansiedade e socialização. Visitas na residência do acumulador podem ser necessárias para definir quais são as áreas em que se precisa trabalhar.
Quais as complicações
Quando o acumulador chega a níveis extremos, ele sofre diversas complicações, principalmente se forem idosos. Isso porque o isolamento pode aumentar as chances de desenvolver demência, além do aumento das chances de queda em meio ao caos.
Infestações por insetos e roedores são muito comuns nessas situações, expondo o paciente aos mais diversos tipos de doenças. Além disso, há um forte impacto sobre a saúde mental do paciente, agravando cada vez mais o quadro.

