Em março de 2022, cientistas de diferentes partes do mundo alertaram para uma nova variante do coronavírus: a deltacron, que é um híbrido da delta e da ômicron. A maior parte dos casos até agora foi registrada na Europa.
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A descoberta da deltacron
Em fevereiro, Scott Nguyen, cientista do Laboratório de Saúde Pública de Washington (EUA) estava inspecionando o GISAID, um banco de dados internacional de genomas de coronavírus, quando encontrou amostras coletadas na França em janeiro que os pesquisadores identificaram como uma mistura de variantes delta e ômicron.
A coinfecção por dois tipos de vírus não é algo novo. Tanto que falamos sobre casos de coinfecção por Covid e Influenza. Mas quando o dr. Nguyen olhou atentamente para os dados, ele encontrou indícios de que cada vírus na amostra realmente carregava uma combinação de genes das duas variantes.
Quando o dr. Nguyen procurou o mesmo padrão de mutações, ele encontrou mais possíveis recombinantes na Holanda e na Dinamarca. “Isso me levou a suspeitar que isso (recombinação) pode ser real”, disse em entrevista.
Então, depois de constatar junto com outros cientistas que realmente se tratava de uma recombinação deltracron, os estudos foram para o banco GISAID e outros cientistas também estão atualizando o banco para ser possível estudar novos casos.
Em uma atualização de 10 de março, um banco de dados internacional de sequências virais relatou 33 amostras da nova variante na França, oito na Dinamarca, uma na Alemanha e uma na Holanda.
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Dois casos de deltacron no Brasil
Desde janeiro, quando a deltacron foi identificada pela primeira vez, foram registrados pouco mais de 40 casos no mundo, sendo dois no Brasil, que foram descobertos apenas em março, embora os pacientes já estivessem com sintomas bem antes.
Um dos casos foi através da amostra de um paciente de 34 anos, da cidade de Santana, no Amapá, que foi colhida em 6 de janeiro. Na ocasião ele sentiu febre, tosse, dificuldade para respirar, dores de garganta, de cabeça e nas articulações, assim como perda de olfato e do paladar. Ele está vacinado com esquema completo da vacina AstraZeneca.
O segundo caso foi identificado na cidade de Afuá, no Pará. Trata-se de uma mulher de 26 anos cujos sintomas tiveram início em 19 de janeiro. A paciente, que também está com vacinação completa da Pfizer, apresentou tosse, febre e coriza. A notificação do diagnóstico dela ocorreu somente no dia 14 de março.
O resultado dos sequenciamentos genéticos feitos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para determinar se os casos se tratam de recombinação genética ou de uma coinfecção pela delta e pela ômicron ainda precisam ser confirmados pela própria fundação.
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Essa variante é mais perigosa?
Em geral, se acredita que ela seja mais parecida com a ômicron do que com a delta em termos de sintomas, transmissibilidade, gravidade e evasão à proteção das vacinas.
Com isso, os cientistas acreditam que o organismo humano vacinado, ou já antes infectado, vai conseguir reconhecer e combater essa possível nova variante da mesma forma que faz com a ômicron. Então, a variante não é considerada, por enquanto, de alta periculosidade.
Ainda assim, os cuidados com uso de máscara, distanciamento social e desinfecção das mãos e objetos continuam sendo necessários. Até porque, ao mesmo tempo em que essa nova variante é descoberta e estudada, os casos de coronavírus voltaram a aumentar a níveis alarmantes em alguns países.
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Artigo com informações de O Globo Saúde