jovem esquizofrênico desenterrou a avó
Crédito: Arquivo pessoal

Neto que desenterrou corpo de avó é esquizofrênico, e família explica que relação era de amor

A esquizofrenia fez com que o jovem agisse dentro da realidade que estava se passando na cabeça dele

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André Augusto Januário da Silva, de 35, foi criado pela avó materna, que faleceu em 2018 depois de lutar contra um câncer. Eles sempre foram muito ligados e ele esteve ao lado da idosa até o momento da morte dela.

No dia 02 de julho de 2020, André tomou uma atitude inesperada e incomum: ele foi até o cemitério Morro da Liberdade, Zona Sul de Manaus, e desenterrou o corpo da avó.

Ele colocou o corpo nos ombros e saiu rua à fora. Quando estava cerca de 1 quilômetro do cemitério, pessoas o viram dançando com o cadáver e acionaram a polícia. Os populares amarraram André para impedir que ele fugisse.

De acordo com o tenente Paulo Araújo, da 2ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), André se apresentava transtornado, dizendo que queria doar seus órgãos à avó para trazê-la de volta à vida, pois ele sentia muitas saudades dela.

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A polícia levou André para a delegacia, mas ele estava sem condições de prestar depoimento. Então, foi encaminhado ao hospital.

Mais tarde, a mãe de André, a pedagoga Damiana Januário da Silva, de 55 anos, fez questão de explicar o que havia acontecido em uma entrevista ao G1. Quando André tinha 17 anos ele foi diagnosticado com esquizofrenia. Por conta do transtorno, André não conseguiu compreender a morte da avó que ele tanto amava.

“Ele sempre ficou ao lado da avó. Quando ela estava viva, ele dizia que nunca deixaria ela ir embora. Quando ela se foi, ele dizia que ia buscá-la. Se já é difícil para nós entendermos a partida, imagine para uma pessoa com transtorno mental. É um amor que só Deus sabe explicar”, disse Damiana.

André sempre foi grato à avó pelo amor que ela lhe deu e pela compreensão que ofereceu devido à doença do rapaz. Foi ela quem o ajudou a conseguir empregos e a seguir com a vida, com o máximo de independência possível.

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A mãe de André ainda completou: “meu filho conseguiu ser uma boa pessoa com a ajuda da minha mãe. E ele sempre foi muito grato. Ela era tudo para ele. Ele trabalhou na gerência de um hotel e também em empresas do Distrito. As pessoas não entendem e muitas vezes fazem piadas infelizes”.

O médico psiquiatra e psicoterapeuta Wilson Gonzaga, que também deu entrevista, explicou brevemente sobre a esquizofrenia, justificando o ato cometido por André:

“Nem dá para falar em superar luto, porque ele vive em uma realidade paralela. Para se ter uma ideia, ele queria doar os órgãos dele para a avó, que já está morta. Ele vive em outra realidade. Não tem comparação e compreensão com a nossa realidade. É algo muito fantasioso, um delírio”.

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A mãe de André gostaria de interná-lo em uma clínica particular para que ele esteja mais seguro e receba o tratamento necessário, mas a família não tem condições financeiras para isso.

O delegado responsável por registrar a ocorrência na delegacia disse que, se for comprovado o transtorno psiquiátrico, André não será responsabilizado pelo crime de vilipêndio de cadáveres, previsto no artigo 212 do Código Penal Brasileiro.

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