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Mãe amarra filho que tentou suicídio por falta de tratamento

Sem vagas para internação por diversas vezes, a mãe tomou uma atitude drástica para salvar o filho

Crédito: Arquivo pessoal

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Às vezes, os pais têm que tomar decisões realmente difíceis para proteger seus filhos. Foi isso o que aconteceu com essa família. É triste ver a realidade em que uma mãe amarra filho por não ter acesso a um direito básico: saúde.

Outra realidade é que o Brasil não consegue cuidar de todos. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o ideal é que se tenha um leito psiquiátrico para cada mil habitantes. Porém, no país, são apenas 0,45 para a mesma quantidade, estando muitas vezes, inaptos para a função. Além disso, foram quase 100 mil leitos fechados nos últimos 30 anos.

Ou seja, a população não tem a assistência necessária, ficando a mercê de clínicas particulares, quando existem, pagando um preço absurdamente fora da realidade. Sem nenhuma clínica privada ou pública, que atendesse seu filho, a professora Carla Lemos Coelho Silva se viu obrigada a agir de forma pouco ortodoxa, para protegê-lo.

Mãe amarra filho que tentou suicídio três vezes

Crédito: Arquivo pessoal

Carla luta com a doença do seu filho há anos, correndo atrás de remédios e tratamento. Mas as recomendações médicas já não estão surtindo o efeito esperado. Isso está levando o adolescente a ter crises cada vez mais graves e ela já não estava mais conseguindo conter. Ele sofre com transtorno afetivo bipolar e depressão grave com efeitos psicóticos.

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Isso leva seu filho a ter alterações de humor muito acentuadas, desde episódios de depressão com tentativas de agressão a si e aos outros. Foram três tentativas de suicídio, sendo a primeira na escola, em plena aula de química. Ele se levantou da carteira, deixou o celular no colo da colega e correu para a janela. Seus colegas conseguiram segurá-lo pelo cabelo, reunindo um grupo para prende-lo.

Na segunda tentativa, ele estava em uma consulta com seu médico psiquiatra e se recusou a tomar o medicamento indicado. Nesse momento ele se agitou, ficou agressivo e correu novamente para a janela. Foi novamente segurado, só que Carla teve que chamar o cunhado, que trouxe mais três amigos para conseguirem conter e levar o rapaz para casa.

Nesse dia, foi a primeira vez que ela amarrou suas mãos com ataduras, prendendo-o também à cama. Foram as piores 24 horas de sua vida, mas ela não poderia deixar seu filho tentar nenhuma besteira. E não foi a única vez que teve que fazer isso, dando o remédio moído, sem que ele permitisse. Um grande sofrimento, tanto para o filho quanto para a mãe.

Jornada

Ela tentou internar o filho em instituições locais, porém não conseguiu vagas em toda a região. Entrou com uma ação no Ministério Público Federal, que concedeu a autorização para internar em um hospital local. A equipe disse que não poderia fazê-lo, a não ser que a mãe ficasse junto, o dia e a noite toda, pois eles não se responsabilizariam por um menor.

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Na Defensoria Pública, conseguiu a autorização para internar o filho em qualquer clínica, mesmo que particular. Dessa forma, ela aceitou uma oferta de uma clínica em Cuiabá que faz sessões de convulsoterapia – antigo eletrochoque – que tem apresentado resultados animadores. O procedimento é coberto pelo Estado, porém o deslocamento de sua cidade para lá e outros custos não são.

Além disso, Carla teve que pedir licença para cuidar do filho, viajando e sem ter condições. Familiares estão ajudando como podem, mas o custo é realmente muito alto. Para arcar com essas despesas, além dos novos medicamentos, essa mãe abriu uma vaquinha virtual, para que os amigos ajudassem.

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