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Crédito: Freepik

Ortorexia: a obsessão por comida saudável pode virar doença

Certamente você já ouviu falar em compulsão alimentar, anorexia e bulimia, mas já conhecia esse transtorno?

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Os transtornos alimentares mais conhecidos são a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar. Mas pouca gente conhece a ortorexia: um tipo de transtorno decorrente da tentativa de cura de um dos outros três.

O que é?

Há cerca de 20 anos o termo “ortorexia” foi utilizado pela primeira vez pelo médico britânico Steve Bratman para falar sobre o transtorno alimentar das pessoas obcecadas por comida saudável. Esse termo vem no grego (“ortho” = correto e “orexis” = apetite).

Ainda não possui um número estimado de casos, mas sabe-se que é um problema cada vez mais frequente, detectado por profissionais de saúde, por conta da neurose em alcançar o corpo perfeito ou ao tentar se curar da compulsão alimentar, da anorexia ou da bulimia.

Mas o efeito pode ser justamente o contrário: por causa da restrição alimentar baseada em comida totalmente saudável, a pessoa pode acabar desenvolvendo ou agravando o caso de anorexia e bulimia.

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Principais sintomas

Diferentemente de quem procura qualidade de vida em uma alimentação equilibrada, saudável, variada e gostosa, a pessoa que sofre de ortorexia não é livre, mas sim, prisioneira do medo de engordar ou de não ser saudável.

Excesso de seleção dos alimentos

A pessoa com esse transtorno raramente come fora de casa, evita comida feita por outras pessoas (a menos que acompanhe o preparo), fica horas lendo embalagens de produtos no mercado e controla absolutamente tudo o que come, pois não se permite ingerir qualquer coisa que considere maléfica à saúde.

Falsa sensação de estar no caminho certo

De início o paciente acredita estar fazendo a melhor escolha para sua saúde, já que parece óbvio que comer alimentos saudáveis é seguro e benéfico. Além disso, percebe que começa a emagrecer, mas nem sempre esse emagrecimento é sinal de saúde. Pode ser porque o corpo não esteja absorvendo todos os nutrientes necessários.

Agravamento de problemas de saúde mental e física

Não quer dizer que uma alimentação à base de comida saudável não forneça todos os nutrientes que o corpo precisa. Acontece que quem sofre com ortorexia começa a selecionar demais, mesmo os alimentos saudáveis.

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Assim, evita carnes que não conhece a procedência, bem como ovos, leite, vegetais que não sabe se contêm agrotóxicos e outros químicos, e todos os demais alimentos considerados saudáveis, mas que não vêm diretamente de fonte orgânica e limpa.

Quando se dá conta, a pessoa está refém do medo de ingerir conservantes, calorias, hormônios extras, agrotóxicos e outros procedimentos químicos, e não sobra quase nada que tenha vontade de comer e acesso para comprar.

Quando o caso se agrava, quem convive com o ortoréxico vai perceber que ele se afastou do convívio social para evitar questionamentos e que peguem no seu pé. Também, que está magro demais e começando a desenvolver doenças nos órgãos e tecidos pela falta de nutrientes. Seu corpo deixa de funcionar normalmente, como ocorre nos casos de anorexia.

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Tratamentos

A ortorexia é considerada um distúrbio psicológico, por isso precisa de acompanhamento profissional para ser tratada e curada.

A situação acaba saindo do controle e precisa de uma reeducação alimentar com acompanhamento de profissionais psicólogos, nutricionistas e outros, se a pessoa tiver desenvolvido um quadro mais grave que evoluiu para outras doenças.

Para ter uma vida saudável de verdade, o equilíbrio é a fonte. Todo mundo tem vontade de comer um doce, umas calorias a mais de vez em quando, e não tem problema, basta maneirar na quantidade.

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Junto de uma alimentação balanceada, a prática de exercícios é fundamental, assim como dormir bem, ter um hobby, estar ao lado das pessoas que gosta e não levar nada tão a sério a ponto de ser dominado por pensamentos obsessivos.

O tratamento pode levar meses ou anos, dependendo de cada caso. Na verdade, é um processo que deve ser vivido dia após dia, assim como o abandono de vícios, pois não basta recuperar a saúde física, mas sim, a saúde mental do paciente e a sua autoestima.

Como é feito o diagnóstico?

Quando o paciente finalmente é convencido de que há um grande problema na sua vida, relacionado à sua alimentação, e que precisa buscar ajuda, geralmente o primeiro profissional a ser procurado é um psicólogo ou psiquiatra, já que a doença se trata de um transtorno psicológico. Então, as consultas serão baseadas e diagnosticas o tipo de transtorno alimentar daquele paciente. Entre as questões que o próprio paciente pode se fazer para se dar conta do problema, estão:

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  • A minha dieta é a minha principal preocupação, interferindo no meu trabalho e nas minhas relações com amigos e familiares?
  • Eu passo grande parte do meu tempo pensando na minha alimentação e planejando ou preparando as minhas refeições?
  • Considero que o valor nutritivo dos alimentos é mais importante do que o prazer de comer?
  • Recuso-me a comer em restaurantes ou em casa de amigos e prefiro comer sozinho?
  • Sinto-me com mais autoestima e até superior às outras pessoas devido ao meu tipo de alimentação?
  • Me culpo e me castigo se cair na tentação de comer um alimento “proibido”?

Essas são algumas questões que ajudam o paciente a aceitar que precisa de tratamento. Depois, o médico psiquiatra fará muitos outros questionamentos e poderá pedir exames variados para determinar o tratamento mais adequado.

Quando e como procurar ajuda?

Veja um relato da jornalista Mírian Bottan, que fala abertamente na internet sobre seus transtornos alimentares e como encontrou a cura. Ver exemplos é uma ótima maneira de se conscientizar sobre o problema e compreender que é possível encontrar a solução:

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