falar de morte com as crianças
Crédito: Freepik

Como falar sobre morte com as crianças?

Veja dicas de uma psicóloga para conversar de forma saudável e segura para ajudar no processo de luto

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Tão difícil quanto lidar com a perda de um ente querido, falar de morte com as crianças pode ser muito complicado. Isso porque elas ainda não têm maturidade para lidar com a situação. Além disso, o próprio adulto estará fragilizado, tentando lidar com o próprio processo. Veja então algumas dicas de como fazer isso de forma mais tranquila e saudável para ambos.

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Como ajudar as crianças com o luto

O simples gesto de falar sobre um momento tão difícil pode ser demais para algumas pessoas. Agora, imagine se, em sua frente, está uma criança? É certamente uma situação delicada e que requer tato para que se faça o melhor possível. Veja então as dicas dadas pela Maria Júlia Kovács, professora do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte da Universidade de São Paulo (USP).

Fale abertamente

De acordo com Maria Júlia, “falar, explicar, esclarecer não retira a dor, mas permite que a criança possa recorrer àquelas pessoas com as quais se sente mais segura”. Isso irá fazer com que sinta que tem com quem contar, independente do que aconteça. Porém, a comunicação deve ser feita sempre com clareza e sensibilidade, sem contar detalhes desnecessários. Isso não quer dizer que se vá contar inverdades, sendo assim interessante evitar termos como virar anjo ou estrelinha no céu.

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Facilite a comunicação

A psicóloga afirma que se deve “considerar a comunicação, escutar as necessidades da criança enlutada de forma atenta, facilitar a expressão de sentimentos sem censura e julgamentos prévios”. Lembrando que ela vive ainda em um mundo mais fantasioso, onde até mesmo um pensamento negativo pode fazer com que se sinta até mesmo culpada pela morte. Então, evitar o julgamento e deixar que manifeste o que sente, evita problemas para o resto da vida.

Não finja que está tudo bem

Esse é um dos pontos fundamentais durante esse processo de luto e do modelo criado pelos cuidadores. Para Maria Júlia, “fingir que está tudo bem fazendo com que as palavras comuniquem uma coisa, e o corpo expresse outra pode instalar um sentimento de incerteza, dúvida e isolamento”. A criança pode não entender o que está se passando no momento, além de gerar um padrão de comportamento não saudável. Se não está tudo bem, pode sim chorar, ficar triste, pois sempre vai ter um abraço por perto para ajudar.

Não tente distrair com brincadeiras

Fazer de conta que a morte é algo trivial, que não se deve dar atenção e distrair a criança, pode não ser uma boa ideia. A psicóloga diz que “outra falsa crença é a de que as crianças superam facilmente as perdas, distraindo-se com brincadeiras”. Porém, o resultado não é bem o esperado, pois assim “a criança aprende que deve ocultar seus sentimentos”, crescendo um adulto emocionalmente despreparado.

É fundamental também que o pequeno volte assim que possível à sua rotina, para que se sinta seguro e mais estável. Tudo bem faltar poucos dias à escola, dormir um pouco mais tarde, mas isso não pode ser para sempre. A rotina dá segurança e essa ajuda no processo de luto, claro que sempre com carinho e paciência, respeitando o tempo de cada uma.

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