Uma mistura que mata

Antes do início de um show em Curitiba, capital do Paraná, no dia 27 de Outubro, a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano anunciava a sua separação, presumivelmente após uma briga nos camarins. Na manhã do dia seguinte, Luciano era transportado para o hospital e seria internado na unidade de terapia intensiva, por causa de fortes dores no peito.

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Depois de fazer exames, soube-se os resultados. O cantor sofrera uma diminuição dos níveis de potássio no sangue, provocada pela mistura de uma bebida alcoólica com diuréticos e calmantes. Esse problema é conhecido por Hipocalcemia aguda e se assemelha a um infarto, provocando espasmos musculares, dormência das extremidades dos membros e disritmia cardíaca, podendo resultar em morte.

Em entrevistas recentes, o cantor de 38 anos assumiu que havia tomado uísque e Ritrovil, para conseguir dormir. Por outro lado, é sabido que o cantor toma um diurético durante as turnês, para combater o inchaço das pernas e dos braços. Assim e como o álcool também funciona como um diurético, Luciano perdeu mais sais do que é aconselhável, entre eles magnésio, fósforo, potássio e cálcio.

Psiquiatras explicam que o Ritrovil aumenta os efeitos do álcool, podendo causar depressão respiratória, confusão mental, alucinações, desatenção, letargia e perda dos reflexos, o que pode conduzir à morte.

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O cantor estava consciente do seu erro e arrependido pela mistura que fez. Ele se esqueceu de tomar o seu potássio e, como queria muito dormir, ele tomou o uísque, uma vez que o Ritrovil não sortiu efeito.

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Esse é um erro muito comum e a principal causa se encontra no fígado, o órgão responsável pelo processamento de quase todas as substâncias que ingerimos. Ao misturar fármacos e álcool, o paciente estará diminuindo a capacidade metabólica desse órgão. Em vez de tratar, o fármaco se torna tóxico para o nosso organismo.

 

Edson, outro cantor sertanejo também reconheceu os seus erros. Ele declarou que bebia demais e que tomava, simultaneamente, um anti depressivo. O resultado era um amaciamento das suas emoções. Segundo dados estatísticos, um grande número de jovens mistura o álcool com fármacos propositadamente, no sentido de alterar as experiências sensoriais. Entre os fármacos mais utilizados estão as anfetaminas, sendo que estas disfarçam a bebedeira e os seus sintomas. Essa mistura pode causar a morte por paragem cardíaca, dizem os médicos.

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Foi o que aconteceu com outra cantora bem conhecida: Carmen Miranda. Como a sua carga de trabalho era elevada, a cantora utilizava estimulantes para aguentar. De seguida, ela tomava álcool e barbitúricos para conseguir cair no sono. Em 1955, o seu coração não aguentou e parou.

Muitas celebridades por todo o mundo fazem o mesmo e, por vezes, vão parar ao hospital. Mischa Barton, Elizabeth Taylor, Colin Farrell e Mike Starr são alguns dos exemplos. Este último morreu em Março de 2011, depois de ingerir metadona, ansiolíticos e álcool.

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Para além de trabalhar contra os anti depressivos, o álcool trabalha também contra os antibióticos. As taxas de absorção do medicamento diminuem dramaticamente. As bactérias se fortalecem e é necessário repetir o tratamento. Existe ainda o risco de o consumo do álcool provocar o Antabuse, que é causado pela mistura de álcool e os ativos como o dissulfiram, que vai impedir a metabolização do álcool pelo fígado e pode levar à morte. A recomendação dos médicos é que não se auto medique e que não misture álcool com qualquer tipo de fármaco.

Nos Estados Unidos, as mortes causadas por overdose de analgésicos (que nesse país podem ser comprados sem receita médica) triplicaram na última década. Em 1999, 4 mil pessoas morreram por essa causa, sendo que, em 2008, foram 14,8 mil. É sabido que, no ano passado, 12 milhões de pessoas tomaram esses medicamentos sem ter necessidade e, assim sendo, misturados com bebidas alcoólicas, os efeitos são devastadores, podendo resultar em morte.

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