Se você assistiu às novelas Bambolê, Roda de Fogo e a primeira versão de TiTiTi, nos anos 1980, deve se lembrar do ator Paulo Castelli, que era um dos galãs da televisão na época. Paulo viveu a fama cercado por fãs que o reconheciam na rua, sendo convidado vip em festas e concedendo entrevistas para as revistas.

Lidar com a fama e o assédio das pessoas não é fácil como pode parecer. Na época, Paulo decidiu começar a fazer terapia para ser capaz de levar uma vida equilibrada apesar da fama, e foi assim que ele começou a tomar gosto por essa área profissional.
“Comecei a me sentir angustiado com a mudança e a exposição. Precisei do atendimento de um psicólogo para conseguir lidar com aquilo tudo e com o assédio. Toda a pessoa que se envolve muito com a mídia, seja ator, cantor ou influenciador, precisa fazer terapia para voltar à sua verdadeira posição, para não se perder e não achar que é um pouco mais que um ser humano. Quando a pessoa começa a se achar, ela comete erros que podem prejudicar até sua carreira. É bom ter alguém capacitado para trabalhar a ansiedade e a carência que as pessoas jogam em você”, explica.

E foi assim, fazendo terapia, que Paulo se apaixonou pela psicologia. Aos poucos ele foi parando de atuar, fez faculdade de psicologia Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e parou de vez com a carreira de ator em 1990 para se dedicar à nova profissão.
“Não houve tomada de decisão e passagem. Não tenho nenhuma queixa da profissão de ator. Foi uma época muito especial. A carreira como psicólogo foi se constituindo na minha vida. Comecei ajudando um amigo na clínica, mas como um hobby. Ainda era contratado da Globo. O trabalho na clínica foi me fascinando e abrindo um novo mundo. Acabei fazendo vestibular para a PUC em São Paulo. Eu morava no Rio e fazia o bate e volta para conciliar os estudos com as gravações.”
Atualmente Paulo está com 64 anos, é um psicólogo especializado em geriatria e proprietário um hotel e residência para idosos em Barueri chamado Solar Ville Garaude, que administra com sua mulher, a Dra. Sandra Maria Garaude Greven, com quem ele tem três filhas e uma neta.

“Depois do mestrado em gerontologia, comecei a abraçar mais a causa do idoso. Sou diretor social do Solar e faço todo o trabalho de social para que as pessoas se sintam bem. Resolvo conflitos, converso com hóspedes que não estão saindo do quarto para fazer com que eles retomem a socialização, organizo as atividades físicas e intelectuais… Por meio do trabalho de ator, as pessoas me encheram de carinho. Como psicólogo senti que essa relação de carinho com o outro ficou ainda mais sólida. É lindo poder ajudar as outras pessoas. Muitas pessoas chegam aqui deprimidas, distantes e sem conexão com a realidade, mas se encontram novamente. Rejeitamos o nome ‘casa de repouso’. Aqui é um local de renovação, de mostrar seus talentos… Uma senhorinha voltou a tocar violino aqui após anos sem ter contato com o instrumento.”
Ao ser perguntado sobre a saudade de ser ator, Paulo diz que tem um pouco, mas não se arrepende da escolha que fez.
Era muito gostoso e divertido fazer teatro, TV, cinema, apresentações pelo Brasil, desfilar como modelo, fazer bailes de debutante… Tenho lembranças ótimas. Ao mesmo tempo que tenho saudade e não tenho nenhuma queixa como ator, se alguém me perguntasse se eu gostaria de voltar a atuar, diria que estou envolvido com outros desejos agora.

