Doença da urina preta
Crédito: Freepik

Doença da urina preta: conheça os sintomas da Síndrome de Haff

Por ser uma síndrome rara, pouco se sabe sobre ela, mas outros casos estão sendo investigados

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A Síndrome de Haff é popularmente conhecida por Doença da Urina Preta, pois o escurecimento da urina é um dos sintomas da intoxicação. Como é uma síndrome rara, não é o tipo de intoxicação que todo mundo conhece os sintomas e como se contrai. Sendo assim, não existem campanhas de prevenção.

Causas, sintomas e tratamento

A Síndrome de Haff é uma doença transmitida por certos tipos de peixes que contêm uma toxina em seu interior. As causas da Síndrome são pouco conhecidas, mas sabe-se que é uma síndrome de rabdomiólise (ruptura de células musculares), caracterizada por ocorrência súbita de extrema dor e rigidez muscular, falta de ar, dormência e perda de força em todo o corpo, além da urina escura, que fica assim devido à elevação da enzima CPK, relacionada à ingestão de pescados.

O tratamento é feito com internação, ingestão de muito líquido e acompanhamento médico. Em casos graves, é feita hemodiálise para filtrar o sangue sem forçar os rins. Aos poucos a toxina vai sendo eliminada do organismo.

“O músculo vai morrendo e criando uma concentração de proteínas que o rim absorve e vai deixando a urina preta, nos casos mais graves. Se a absorção continuar, causa uma lesão no rim e eles param de funcionar. Por isso, o tratamento dos casos graves é com hemodiálise, para poupar o rim”, afirmou o médico infectologista Filipe Prohaska, em entrevista ao G1.

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Possíveis sequelas

Ainda de acordo com o médico, que atendeu pacientes com a Síndrome em 2017, existe o risco de deixar sequelas, como precisar de hemodiálise para sempre, devido a lesões renais. Além disso, a massa muscular pode ficar comprometida, trazendo dificuldade para que a pessoa se levante e faça atividades simples do dia a dia.

Quais peixes são perigosos?

O médico infectologista explicou que não é preciso deixar de comer todos os tipos de peixe, mas é preciso tomar cuidado com a arabaiana e o tambaqui, pois ambos podem conter a toxina responsável pela Síndrome.

Apesar de ser necessário muito cuidado na hora de comprar o peixe, tendo a certeza de que ele esteve bem condicionado em temperatura adequada todo o tempo após a pesca (de -2 a 8 graus), ainda não é o suficiente.

Outro infectologista consultado pelo G1, Tiago Lôbo, que trata pacientes com essa Síndrome na Bahia, disse que não basta comprar o peixe fresco e bem condicionado em um local de confiança.

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“Não há um antídoto ou uma forma de identificar a toxina nos peixes. A toxina não modifica a cor do peixe, o cheiro ou o gosto. Também é termoestável, ou seja, não é destruída em altas temperaturas de cozimento. Por isso a gente não vai conseguir identificar”.

O que fazer em caso de sintomas?

A princípio, o mais seguro é evitar comer arabaiana e tambaqui. Se comer, e o peixe estiver infectado, quanto maior a quantidade ingerida, mais fortes serão os sintomas.

Ao surgirem os primeiros sinais, o paciente deve ser levado imediatamente ao hospital e todas as demais pessoas que comeram o peixe devem ser alertadas.

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Enquanto não chega ao hospital, o paciente deve beber muita água, pois a toxina vai sendo eliminada aos poucos pela urina. O paciente nunca deve se automedicar em casa, pois até mesmo os anti-inflamatórios simples podem piorar a situação, já que existe o risco de lesionarem os músculos e os rins já infectados.

Casos em Pernambuco

Alguns casos da Síndrome estavam sendo investigados pelo governo de Pernambuco, no início de 2021, com pacientes apresentando uma variedade de sintomas. Os principais eram falta de ar, dormência e perda de força em todo corpo, e urina cor de café, mas podem haver outros, como o enrijecimento total do corpo.

Apesar de ser uma síndrome rara, outros casos já foram registrados no estado. No dia 22 de fevereiro a Secretaria Estadual de Saúde recebeu uma notificação do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) do Recife, sobre outros cinco casos suspeitos.

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“Após a notificação, a SES orientou sobre a investigação epidemiológica de todos aqueles que consumiram o alimento, assim como a coleta do referido insumo para encaminhamento ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) para que sejam providenciadas as análises laboratoriais. A doença de Haff é caracterizada pela presença de toxina biológica presente em pescados”, disse a Secretaria.

Entre 2017 e 2021 foram 15 casos da doença em Pernambuco, sendo dez confirmados (quatro em 2017 e seis em 2020) e cinco em investigação (em 2021). Também no ano de 2017, a Bahia registrou 71 casos da Síndrome, sendo 66 em Salvador. Outros casos, em menor quantidade, surgiram em Goiás, Alagoas e no Ceará.

Casos recentes no Amazonas

Mais recentemente, em agosto de 2021, vários pacientes do Amazonas foram diagnosticados com essa Síndrome. Até o dia 30 de agosto foram notificados 44 casos, sendo que 34 foram só na cidade de Itacoatiara. Os demais foram registrados em Silves, Manaus, Parintins, Autazes e Caapiranga.

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