A novela Sol Nascente foi ao ar na Rede Globo entre agosto de 2016 e março de 2017, na faixa das 18h, e foi um fracasso de audiência. Um dos motivos pode ter sido o fato de que o enredo da história não estava de acordo com o elenco. Os protagonistas da novela eram uma família de descendentes japoneses, no entanto, nenhum dos atores principais tinham descendência asiática.
Talvez por isso o público não criou uma conexão com os personagens. Mas, parece que essa história deveria ter sido outra, como relatou a atriz Daniele Suzuki, em uma live que aconteceu em junho, mas voltou a ser noticiada no final de agosto.
Na live, onde Bruna Aiiso entrevistou Dani Suzuki, a atriz conta que essa novela foi escrita para ela, sobre fatos de sua vida real.

Porém, apesar disso, na hora de escalar o elenco, Dani Suzuki não foi cogitada. Em seu lugar entrou a atriz Giovana Antonelli no papel principal de Alice. A justificativa para a escalação controversa seria de que Alice era, na verdade, filha adotiva de Kazuo, personagem vivido pelo ator Luis Melo.
Além desse fator da personagem ser adotada, na época, o autor Walter Negrão explicou a situação para o portal Ego: “Tentamos achar nos testes uma protagonista japonesa, mas não encontramos uma com status de estrela. Eu precisava disso, a Globo queria uma estrela. Novela tem um custo muito alto, não dá para arriscar”.
E ainda tinha uma outra justificativa, mas que também não colou. Alegaram que Dani Suzuki era muito velha para a personagem, no entanto, a atriz é dois anos mais nova do que Giovana Antonelli.
Agora, quatro anos depois, e após a live que reascendeu o assunto na internet, o que se fala é que a rede Globo cometeu “whitewashing”, palavra de origem inglesa, que significa ”branqueamento”, ou seja, a escalação de atores brancos em papéis que deveriam pertencer originalmente a pessoas de outras etnias.
E não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em maio de 2018, a emissora foi acusada de racismo com a novela Segundo Sol, ambientada em Salvador, mas com protagonistas brancos. Os protestos foram ainda mais fortes e o Ministério Público do Trabalho entrou com uma ação contra a emissora, que reconheceu que precisava “evoluir com essa questão”.
“Decidi buscar outro caminho, mas não no papel de vítima. A escolha deles (Globo) não era compatível com as minhas. Eu usei aquilo para me impulsionar e pra mim aquilo foi um presente; comecei a mergulhar na questão dos refugiados, tirei tempo livre para dirigir o meu documentário”.
Atualmente a atriz dirige uma série sobre crianças refugiadas e é integrante da ONG Aldeias Infantis, no Rio de Janeiro, que acolhe famílias refugiadas no Brasil.
A rede Globo emitiu uma nota sobre o caso:
“Desconhecemos as informações prestadas. Os critérios de escalação das obras da Globo são técnicos e artísticos. São avaliados vários aspectos, como adequação ao perfil do personagem, disponibilidade do elenco, composição total do casting, dentre outros. E essa decisão não cabe apenas a um profissional e sim a um time, composto por autor, diretores e diretoria de Entretenimento da empresa.”

