Crianças que dormem com os pais
Crédito: Freepik

Crianças que dormem com os pais: como tirar esse hábito?

A cama dos pais parece ser o melhor lugar do mundo, mas existem pontos negativos em deixar os filhos dormirem junto

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Os filhos pequenos se sentem acolhidos na cama dos pais. Aquele ninho quentinho, com cheiro de família, parece o melhor lugar do mundo para dormir em paz. Pelo menos na visão dos filhos, que deitam, rolam e, muitas vezes, não deixam os pais dormirem bem. Mas então, até que idade os pais devem aceitar que os filhos durmam na mesma cama que eles? Em quais situações é bom ou ruim, e como ajudar a criança a se acostumar com a própria cama? Veja o que diz o especialista.

Crianças que dormem com os pais: até que idade?

De acordo com os conhecimentos do psicólogo clínico e psicoterapeuta português Pedro Martins, o recomendado é que as crianças já sejam acostumadas a dormirem no berço a partir dos 4 ou 6 meses de vida para irem se habituando a ficarem sozinhas e desenvolverem sua autonomia.

Não significa que toda criança vai ter o mesmo desenvolvimento nesse sentido, pois cada uma tem suas particularidades, mas essa é uma recomendação geral. Então, a idade certa para que os filhos deixem a cama dos pais é: quanto antes, melhor.

É claro que podem ocorrer episódios em que a criança pode pedir para dormir com os pais. Mas, devem ser esporádicos e controlados pelos próprios pais, encorajando seus filhos a encontrarem conforto e tranquilidade na própria cama.

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Como explica Carla Valverde, psicóloga clínica infanto-juvenil do Centro de Saúde Mental de Majadahonda (Madri), em entrevista ao El País, “Até por volta dos sete anos, ainda estão presentes o pensamento mágico e a existência de monstros e personagens fantásticos. Também são frequentes os pesadelos e o desejo de proximidade em relação aos seus progenitores. Por isso, nessa etapa, é mais comum que as crianças procurem a cama dos pais. Ajudar a enfrentarem esses medos é tarefa dos adultos”.

Malefícios para os pais

É inegável que a vida íntima do casal fica afetada pela presença dos filhos na cama todas as noites. Em alguns casos, um dos pais é quem vai dormir com o filho no quartinho dele. Em outros, os pais é quem convidam os filhos para a cama, evitando terem que convencer a criança de que não tem monstro dentro do armário.

No entanto, como continua explicando o psicólogo Pedro Martins em seu artigo, muitos casais aproveitam o nascimento de um filho para camuflarem os problemas que já existiam no relacionamento antes da criança chegar. Assim, arrumam uma desculpa para deixarem a vida sexual e a intimidade de lado, pois o filho está sempre junto.

Além disso, é preciso levar em consideração os primeiros meses (às vezes até o segundo ano) do nascimento, em que a mãe passa a se dedicar ao bebê e simplesmente perde a vontade de ter intimidade sexual com o parceiro. Isso é perfeitamente normal e deve ser compreendido.

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  • O nascimento do bebê pode trazer mudanças que afetam o emocional de muitos casais, como:
  • A culpa da mãe em continuar sendo mulher após a maternidade;
  • A insatisfação da mulher com o corpo – ficando com vergonha de mostrá-lo ao parceiro;
  • O ciúmes do marido (pai ou não) pelo tempo que a mãe dedica mais à criança do que a ele;
  • O cansaço físico e emocional por causa da dedicação que a criança exige;
  • Medo de que algo aconteça ao bebê se não estiver sendo vigiado a noite toda.

Porém, mesmo que o casal esteja completamente à vontade com essa situação, e não sinta qualquer conflito no relacionamento por dormirem com os filhos e não terem mais a mesma intimidade, existem outros pontos a se considerar, como o fato de dormir mal porque a criança tira o espaço do casal na cama – que é feita para duas pessoas. Com isso, os dias ficam mais cansativos e estressantes, afetando a rotina da família e até mesmo a qualidade do tempo que se passa educando as crianças – sem a paciência necessária.

Estratégias para ajudar os filhos a dormirem sozinhos

Então, em resumo, os pais devem acostumar seus filhos a dormirem na própria cama desde muito cedo, pois assim é melhor para todos. É mais fácil quando irmãos dividem o mesmo quarto, pois um faz companhia para o outro. Mas, quando o filho é único, ou quando mesmo com irmãos existe o medo, os pais podem adotar algumas estratégias, recomendadas pela psicóloga Carla Valverde:

Preparar o terreno

Quando estiver perto da hora de ir dormir, a criança deve estar de banho tomado, com a digestão feita, o ambiente deve estar o mais tranquilo possível, o quarto deve estar com um clima agradável, convidando para dormir.

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Ter uma rotina da noite

É muito importante para as crianças que exista uma rotina para suas atividades. Elas lidam melhor com as coisas quando sabem o que vai acontecer. Então, os pais devem fazer o possível para que essa rotina exista: hora do banho, hora do jantar, hora de ir para cama e ler uma história para dormir.

Ter um objeto tranquilizador

Nem todas as crianças querem, mas, os pais podem tentar que o filho tenha algum objeto tranquilizador, como um paninho, um cobertor ou um brinquedo. Claro, escolhendo objetos que não tragam risco, conforme a idade da criança. Esses objetos criam a sensação de segurança e ajudam a criança a ficar sozinha no quarto com mais facilidade, e a se acalmar para pegar no sono.

Incentivar a autonomia da criança no dia a dia

Para que seja mais fácil a criança dormir sozinha no quarto à noite, é importante que ela seja encorajada a desenvolver sua autonomia nas atividades do dia a dia, participando de tarefas da casa e fazendo algumas escolhas por conta própria.

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Ajuda no enfrentamento dos medos

É normal que as crianças pequenas tenham medo do escuro, de monstros e outras fantasias. O cérebro delas está em desenvolvimento e ainda vive numa mistura entre mundo real e imaginário.

Os adultos não devem ignorar esses medos ou apenas dizer que “monstro não existe” ou “não precisa ter medo”. Não será o suficiente.

É importante ajudar a criança a perder o medo, deixando um abajur aceso, abrir as portas dos armários, olhar embaixo da cama e atrás da porta para mostrar a ela que não tem monstro ali. E que, se ela tiver medo, pode chamar os pais para darem uma olhada de novo, mas, precisa voltar para a cama dela.

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