Maritacas
Foto: Reprodução

As Maritacas de Tatuapé e Florêncio: o “Encantador de Pássaros”

Esse pequeno canto do Tatuapé é um lembrete suave de que a beleza e a amizade podem ser encontradas nos lugares mais inesperados.

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Na movimentada Avenida Sapopemba, na pacata região do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, um espetáculo diário cativa os olhares e encanta os corações dos moradores locais. Todos os dias, uma trupe colorida de periquitos e maritacas dança pelos céus e pousa na janela de um homem cujo nome é sinônimo de amizade e cuidado para essas aves: Florêncio Lopez Fernandes, o carinhosamente apelidado Florêncio Maritaca.

Aos 84 anos, Florêncio é conhecido por sua rotina peculiar e adorável. Duas vezes ao dia, ele se posta em sua janela, oferecendo sementes de girassol a dezenas de maritacas famintas. O espetáculo é uma sinfonia de cores e sons, à medida que as aves devoram suas refeições com entusiasmo, acompanhadas pelo barulho característico que ecoa pelo bairro.

A história dessa amizade peculiar começou em 2015, quando dois periquitos descobriram o banquete diário na janela de Florêncio. Com o tempo, esses dois se tornaram quatro, e a família cresceu.

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No entanto, eles logo foram superados em número pelas maritacas, pássaros maiores e mais vorazes. O banquete generoso de Florêncio logo atraiu um grupo considerável de maritacas, que encontraram na casa do ‘encantador de pássaros’ um refúgio seguro e uma fonte de alimento constante.

“Os periquitos eram pequeninos e comiam devagar. Logo as maritacas, sendo maiores, descobriram o festim e começaram a aparecer em grandes grupos. E desde então, nunca mais partiram”, conta Florêncio, com um brilho nos olhos.

Florêncio, solitário em sua vida cotidiana e sem descendentes diretos, encontrou na companhia das maritacas uma alegria incomparável. Ele as conhece tão bem que se tornou um verdadeiro especialista informal em seu ciclo de vida e comportamento, tudo baseado em observações atentas e carinho dedicado.

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“Elas são pássaros incríveis, capazes de viverem mais de 50 anos. No final do ano, durante outubro, novembro e dezembro, é a época do acasalamento. Por volta de janeiro e fevereiro, os filhotinhos nascem. Cada ave geralmente tem cerca de dois filhotes. Eles começam a vir aqui para comer devagarinho. Os pais primeiro se alimentam e depois levam as sementes já abertas para os filhotes, que ainda não têm força para abrir as sementes por conta própria”, explica Florêncio, com um sorriso afetuoso.

Para atrair as novas gerações de maritacas, Florêncio desenvolveu uma técnica especial. Ele abre as sementes com um alicate, mantendo-as separadas em sua mão. Os pássaros mais velhos, famintos e confiantes, devoram rapidamente as sementes.

No entanto, os filhotes, mais cautelosos e inseguros, sabem que seu alimento está reservado. Eles se aproximam lentamente, mas com uma confiança palpável, sabendo que nunca deixarão o festim de Florêncio de barriga vazia.

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A história de Florêncio Maritaca e suas amigas emplumadas não é apenas um conto sobre a generosidade de um homem com a vida selvagem. É uma narrativa sobre conexão, compreensão e aceitação entre diferentes espécies.

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Enquanto o resto do mundo se apressa em sua rotina diária, esse pequeno canto do Tatuapé é um lembrete suave de que a beleza e a amizade podem ser encontradas nos lugares mais inesperados, se apenas tomarmos o tempo para observar e apreciar a maravilha do mundo natural ao nosso redor. E tudo isso graças à dedicação e ao amor de um homem pelas maritacas que o visitam diariamente, transformando sua vida em um espetáculo alado de alegria e gratidão.

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