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Não Olhe para Cima: o que é verdade e ficção no filme?

Diferente dos clássicos filmes de catástrofe, essa obra traz uma crítica bem realista sobre a atual situação do mundo

Crédito: Netflix

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Se você ainda não assistiu ao filme “Não Olhe para Cima” (“Don’t Look Up”, original em inglês), que foi lançado em dezembro na Netflix, saiba que vale a pena. E se você já assistiu e ficou com dúvidas sobre o que poderia acontecer na realidade e o que não passa de ficção nessa história, saiba agora o que os cientistas brasileiros têm a dizer.

Antes do lançamento do filme, já era possível imaginar que seria um sucesso por conta do elenco de peso. O enredo parecia mais do mesmo dos filmes-catástrofe mas, na verdade, surpreendeu pela semelhança com a realidade atual do mundo.

Na trama, os atores Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence interpretam dois pesquisadores que descobrem um cometa em rota de colisão com a Terra, capaz de dizimar a vida no planeta. Eles, então, fazem o possível para avisar as autoridades estadunidenses, e aí começa a maior dificuldade que é convencer a todos de que o perigo é real.

Fica claro que a intenção do filme foi criar uma semelhança com o cenário atual da pandemia, principalmente nos Estados Unidos, mas que acaba por fazer sentido também no Brasil, já que ambos os países levaram a pandemia na brincadeira e o pior aconteceu.

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Para o público brasileiro, logo surgiram comparações entre os personagens dos cientistas com os cientistas da vida real, que continuam lutando para que as autoridades façam o que é certo, enquanto são ignorados e ridicularizados pelos negacionistas.

Mas, voltando à temática de “Não Olhe para Cima”, o que mais é real e o que foi feito só para dar mais intensidade à ficção, de acordo com os especialistas? É possível que um cometa com cerca de 10 km destrua a Terra e acabe com a raça humana?

Não Olhe para Cima: o que pode ser verdade ou apenas ficção?

Em entrevista para o UOL Tilt, o mestre em física e divulgador científico Eduardo Sato explica que é comum que cometas pequenos e meteoros caiam na Terra, mas nada catastrófico. “Isso é muito improvável.”

A descoberta do cometa faltando seis meses para a colisão

Então, uma das parte que é apenas ficção é o tempo que os cientistas tiveram desde quando avistaram o cometa até avisar a todos e preparar a população para o pior. No filme, quando o cometa foi avistado, faltavam cerca de 6 meses para a colisão. Mas, na vida real, um cometa com 10 km de diâmetro seria visto muito antes.

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“Teríamos informações sobre isso há bem mais tempo do que 6 meses [como no filme]”, afirma Roberta Duarte, física e doutoranda em astrofísica na USP (Universidade de São Paulo).

A solução para eliminar o perigo

Já o que pode ser verdade é a atitude das autoridades no filme quando percebem que o perigo é real. O governo dos Estados Unidos decide tentar explodir o cometa para que ele não destrua totalmente a Terra, mas com o principal objetivo de utilizar os materiais da sua composição para enriquecer a indústria.

Existe essa possibilidade de explodir um cometa, mas não da forma que ocorre no filme. Tanto que a NASA quer se preparar para caso uma situação semelhante aconteça no futuro. Em novembro, ela lançou a missão DART. O objetivo é mudar a rota de um asteroide usando energia cinética. “Isso é um teste para ver se é possível e é a mesma coisa proposta no filme, colidir uma sonda com o cometa para desviar da Terra”, explica Duarte.

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Mas, da forma como foi feito no filme seria um grande erro. “O cometa é muito mais denso do que o esperado. E tem o fato de que uma explosão pode transformar o cometa em pedaços tão pequenos que, ao invés de ser um cometa só caindo, seriam vários ao mesmo tempo”, ressalta Roberta Duarte.

Milionários indo viver em outro planeta

No final do filme, depois dos créditos, mostra que as pessoas mais ricas reservaram seus lugares em naves espaciais onde passariam alguns anos vivendo em criogenia, ou seja, congelados, para que acordassem quando chegassem a outro planeta habitável para a raça humana.

Essa parte ainda não é verdade. Ainda não existe a possibilidade de congelar pessoas por milhares de anos. “Tem empresas que estudam a criogenia, alguns casos de pesquisas nas décadas de 1980 e 1990 com animais, mas não existe tecnologia para isso acontecer”, diz Duarte.

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Além do mais, para Sato, é pouco provável que haja outro planeta habitável para seres humanos. “Tem gente que procura zonas habitáveis, com água, para saber se vida se desenvolve por lá, mas acredito que seja mais fácil salvar o nosso planeta.”

Uma forma de conscientização

De qualquer maneira, “Não Olhe para Cima” é um filmaço que surpreende, pois não é como os filmes-catástrofe que estamos acostumados e porque traz uma mensagem real de conscientização para as pessoas.

Assista e recomende o filme, especialmente para os negacionistas que você conhece. Claro, talvez o filme não consiga entrar na mente dessas pessoas e clarear o que está nebuloso, mas abre espaço para uma conversa sobre a semelhança entre as atitudes erradas dos ricos e políticos na ficção e na realidade atual do mundo.

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Artigo com informações de UOL Tilt

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